Não sei se havia dito…

E quando a amiga vem perguntar por que não postei nosso almoço que já aconteceu há mais de dois anos? 😕  Se seria porque não gostei… se alguma coisa me chateou… se alguém me fez alguma desfeita… blá blá blá… Nada disso! Não postei por vários aindas: porque ainda não deu tempo, ainda não consegui, ainda tenho arquivado dentro do meu computador diversos encontros que, como esse a que você se refere, minha amiga, foi maravilhoso, perfeito e sim, morro de saudade!

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Não sei se havia dito…

Dilu Bartolomeo Villela

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Nossa, tantas coisas já aconteceram e ela lá, lembrando de um almoço que seria passado se ela não viesse me dar de presente, o prazer da lembrança… Ah… como é bom isso!

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Pensando no que ela falou, cheguei à conclusão que se ela ainda se lembra é porque deve ter sido muito bom!!!

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Vamos ver se foi mesmo, ou se deveria ter continuado quietinho dentro do computador..

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Todo mundo já sabe que adoro começar com uma sopinha e neste dia, não foi diferente. Tudo começou com um atum desses de lata que, na época, era super moda na Europa, por lá foram abertas várias lojas que só vendiam atum, atum com tudo quanto é tipo de coisa, esse que servi era atum com presunto.

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A mistura ficou muito interessante! Numa vasilhinha de “atum” coloquei o próprio e na outra, o creme de aspargo. A torrada não podia faltar!

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Passamos do francês diretamente pro árabe. Até parece que sou uma craque … kkkkk…

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É que pra mim é muito fácil montar uma bandeja com coisinhas árabes, meu marido ama, e por isso, sempre tenho essas delícias na geladeira.

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Gente, a coisa mais fácil do mundo é fazer sopa, mas para não dar conotação de sopa (já que teve uma começando os serviços, lembra?), essa sopa/bisque entrou meio que de penetra…

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A estrela era o 1000 folhas de manga com cenoura, que nada mais é que empilhar lâminas de manga com uma saladinha thai de cenoura, maravilhoso! A folha de coentro entrou pra enfeitar, mas eu que amo, acho seu sabor essencial no todo.

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Tem coisa melhor que coxinha? Tem não fia! Com chutney de pequi então…

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Ah não… tem coisa melhor que coxinha sim! Tucupi, sabor melhor não há. Tucupi não é peixe, como muuuuuuuitos brasileiros pensam. Tucupi é o caldo da mandioca brava, ingrediente genuinamente brasileiro. É aquela coisa do Brasil que o Brasil não conhece (uma outra história, depois conto). O camarão com catupiry foi empanado (especialidade da casa… kkkkk…).

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Esse almoço foi há uns dois anos e nessa época eu estava com mania de fazer esse ovo. É uma clara espumosa com a gema mole dentro… Algo de bom! Mas bom mesmo, muitos não sabem, é a combinação do ovo com algo adocicado, que no caso, foi pipoca doce. Para quebrar o doce, entrou o ácido do tucupi…

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Esse aí não carece muita explicação não, 60% das pessoas sabe fazer e 100% adora. A única coisa que fez  uma certa diferença foi eu ter maçaricado o mascarpone, que na verdade, nem valeu a pena

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Agora sim! Agora vem o inusitado do dia. Eu tinha acabado de voltar de Barcelona e lá comprei um defumador. Foi a sensação!

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Não sei se havia dito que era um almoço para meus colegas da faculdade, todos chefs.

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Não sei se havia dito que, especialmente pra eles, eu queria apresentar meu mais novo brinquedinho…

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Não sei se havia dito que queria fazer deles, meus cobaias… kkkkk…

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Ah! A farofa foi uma tentativa minha de copiar o grande chef Leo Paixão, mas… Não sei se havia dito que copiar é feio e isso não se faz – por dois motivos: primeiro que é feio, como já havia dito, e segundo que jamais dará certo! É melhor a gente fazer uma coisa que criamos, sair copiando não dá!

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Na época eram duas novidades, o defumador e a pedra de sal do Himalaya pra grelhar o salmão.

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Foi uma farra… que vontade de repetir tim-tim por tim-tim!

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Depois dessa, qualquer prato se torna uma bobagem que nem precisa ser explicado…

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Todo mundo também sabe que sempre adorei servir uma pré-sobremesa. A de hoje foi um carpaccio de abacaxi cozido em especiarias com dedo de moça e um sorbet de lichia… Hummm, me deu água na boca aqui!

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A sobremesa foi linda e deliciosa, pronto!

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A lembrancinha foi doce de leite, esse de leite de búfala com especiarias que, agora vejo, tem muito tempo que ando fazendo. Talvez esteja na hora de parar…

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Bem gente, agora vejo também que o almoço foi bom mesmo, tanto que ficou arquivado na memória da minha amiga. E vendo tudo isso novamente, percebo que estava bem arquivado também no meu coração  😉

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Colegas queridos, com saudade e feliz por nossa amizade! Esse almoço ficou e poderia ainda ficar por muuuuito tempo arquivado em fotos no computador… não teria problema, pois sei que é uma amizade viva, permanente, pulsante, e tenho certeza, habitará para sempre dentro de nossos corações! Ah, e não sei se havia dito, amo vocês!

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