OUTRA LINHA DE CARAMINHOLAS
Simples assim!
Por Dilu Bartolomeo Villela
Quando postei uma certa experiência gastronômica (não muito boa, pois culminou com a terrível visão de uma mosca no meu prato), uma amiga “soltou sua voz” num comentário pra lá de especial que me fez pensar a frase a seguir:
Certas falas devem ser lançadas ao vento para que se acheguem a quem possam interessar.
Dentro de seu comentário, sem querer, e sem saber, minha amiga me convidou a várias reflexões:
1a: sobre a oportunidade que a vida nos dá (ou não), 2a: sobre termos uma segunda chance e se a aproveitamos (ou não), 3a: sobre o efeito da primeira impressão que causamos, 4a: sobre a humildade e, posteriormente, a importância de revermos nossos atos, 5a: sobre a amizade, 6a: sobre a magnitude do ser humano, 7a: sobre a força que tem a simplicidade… e saindo da linha “papo cabeça”… 8a: sobre a quantas anda o serviço dos restaurantes, apontando quão tênue é a linha que separa valor e preço.
Ufa! É muito conteúdo pra pouco espaço. Tanto que, para este post, fiquei entre muitos títulos: UMA SEGUNDA CHANCE – ótimo, mas totalmente óbvio! UMA BOA PRIMEIRA IMPRESSÃO… nemm! que falta de imaginação ou, NADA, ABSOLUTAMENTE NADA, SUBSTITUI O SER HUMANO, esse é bacana, né? Mas… ainda não é esse! O SIMPLES É O CONTRÁRIO DO FÁCIL – esse foi o que mais se manteve, mas já que o blog é ligado a gastronomia e afins, achei tudo a ver, e liiiiindo, o título escolhido para sair um pouco do lugar comum, sem falar diretamente de alimento, mas se referindo ao que nutre o bem viver.
Se você também gosta desse tipo de “alimento”, te convido a ler o comentário, que reporto a seguir. Espero que aproveite, pois hoje me deu uma vontade danada de postar OUTRA LINHA DE CARAMINHOLAS e compartilhar Vera, minha amiga que vem e “fala” mansinho pra gente “ouvir” – simples assim!
Eis o comentário da Vera no tal post:
Então Dilu…. depois de muito caraminholar sobre seu post, venho comentar. Já havia lido, não sei onde e nem quando, sobre a dona do restaurante. Confesso, estava curiosa a respeito dela e de seu restaurante. Aí me vem você, meu guia confiável para assuntos gastronômicos, infinitamente mais do que Veja, Quatro Rodas e quetais, e faz este post. E agora? As fotos dos pratos realmente não me agradaram, falta capricho e acabamento. Mas, quero arriscar outra linha de caraminholas.
Dilu, para coisas a vida não nos dá uma segunda chance. Uma delas é a chance de causar uma boa primeira impressão. Pior que isto é quando a primeira impressão se torna tão irremediavelmente negativa, que não temos a chance de fazer dela apenas a primeira impressão e sim, a última e definitiva.
Lembrei-me hoje, lendo seu post, do meu primeiro comentário neste blog. Sentindo ou pressentindo sei lá, que poderia ter sido indelicada o suficiente para provocar em você uma antipatia definitiva, voltei para amenizar o que havia dito. Você já havia me respondido. Uma resposta que, pela serenidade e abertura, me deixava uma saída. Uma segunda chance. Foi este o nosso começo.
Por que retomo esta passagem para comentar seu post? Amiga, por pior que tenha sido esta mosca, este cardápio, o longo tempo de espera que te causou certo mal estar, ao final do post você revela o x da questão.
A dona do restaurante, quando a coisa desandou, não soube manter o sorriso que te cativou na chegada. Quando a mosca pousou ela foi lá pra fora conversar, ao invés de sentir e demonstrar empatia por vocês, por mais difícil que isto fosse. E assim, não te deixou uma porta aberta, uma saída honrosa, ou a proposta de uma segunda chance. Tivesse ela avaliado a diferença entre valor e preço, não teria te apresentado a conta. Talvez te mostrado a cozinha, pra que pudesse realmente sentir que aquilo, provavelmente, nunca tivesse mesmo acontecido antes. Por fim, ela deu um grande azar: você estava com seus amigos. Quem conhece Dilu, sabe o que significa isto. Significa que tudo se agrava, e muito.
Esta conversa toda pra te dizer que, acredito e sempre digo que, nada, absolutamente nada, substitui o ser humano em toda e qualquer relação, inclusive as comerciais e contingentes. E que o simples é o contrário do fácil. Alguém que se propõe a fazer sucesso com o simples, como o dificílimo “arroz e feijão”, tem de saber acompanhar “este prato” com coisas simples: palavras e gestos simples, ou vai soar falso. Coisas que poderiam ter salvado um pouco a noite, se tivessem sido feitas. Simples assim.
Simples assim! É como a vida deveria ser e não é. É como a gente deveria conviver uns com os outros e não fazemos! Eu também queria muito ser simples assim, pelejo mas as caraminholas sempre aparecem intrometidas. Ainda bem existe a segunda chance! Desejo a nós todos um bom e perfeito simples assim! Beijos
é sim, certas falas devem ser lançadas ao vento pra lembrar a gente da importanca que elas tem. Obrigada por mais este post tão joia.
Marcinha
Ah essas queridas que nos premiam com caraminholas pensantes e significantes!
Como é bom poder ter sempre uma segunda chance!
Trocar a máxima de que ” a primeira impressão é a que fica” pela “vou tentar de novo!”
E o melhor é quando do tentar de novo,vem uma experiencia gastronomica deslumbrante,uma pessoa suuuper simpática e
novos círculos se formam(ou seriam novos ciclos?).
Como disse nossa Polinha,seria muito bom se descomplicássemos mais nossa vida!
Vale começar pelo “vou tentar de novo”!!!!! Bjos!
Mas essas mineiras são um must. Vocês giram em torno da gastronomia com um sentido maior, vcs estão de parabéns, sempreee sempreee
Simples assim!
Assim devemos levar a vida, ou deixar a vida nos levar!
Simples assim!
Que bacana gente, eu adoro este tipo de reflexão, eu entendo que nós não estamos aqui a passeio.
Obrigada por compartilhar, um grande abraço, Jussara