Não me lembro há quantos anos surgiu o RW, isto é, RESTAURANT WEEK que é opção de se pagar menos e comer BEM durante um pequeno período. Mas lembro bem que adorei ver no Brasil um recurso que na Europa é semelhante ao Bib Gourmand, com a diferença que neste, o restaurante faz um trabalho permanente de democratização da boa gastronomia. Lançado em 1955 pelo Guia MICHELIN e sucesso até hoje, é um conceito que funciona muito bem na Europa, onde é possível degustar delícias a preços razoáveis. E aqui? A quantas andam nossos restaurantes?
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O Brasil tem estrelas, DIGA-SE DE PASSAGEM…
Por Dilu Bartolomeo Villela
Logo que foi lançado o RW (Restaurant Week), quase todos os dias meu marido e eu saíamos bem serelepes e sentávamos à mesa de algum dos participantes. No decorrer do jantar nosso bom humor inicial sempre dava lugar ao que beirava desapontamento. Hoje nem me dou mais ao desgaste – definitivamente, desacreditei. Quem me acompanha deve ter notado que, este ano, nem comentei sobre. Outro dia ao folhear uma revista, li esse título: AMANTES DA BOA GASTRONOMIA, ATENÇÃO! Apesar da matéria se referir aos “cardápios para ninguém colocar defeito” dos restaurantes participantes do RW, verdade seja dita: nunca vi um título mais antagônico…
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AMANTES DA BOA GASTRONOMIA, ATENÇÃO: Chefs: tornar um menu acessível a todos não quer dizer baixar o custo, baixando também a porção, decaindo o atendimento, e ainda enfraquecendo o serviço. Comida boa além de sabor e qualidade, tem que ter apresentação, conteúdo, educação, treinamento… Atenção!
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AMANTES DA BOA GASTRONOMIA, ATENÇÃO: Clientes, pagar gato por lebre não pode virar uma constante, é primordial exigir que os restaurantes te respeitem. É preciso estabelecer que RW, Bib Gourmand, estabelecimento estrelado (que agora tem também no Brasil) ou… ou… ou… seja lá o que for acate o custo benefício. A comida tem de ser boa e seu custo tem de beneficiar o bolso de quem a paga, tal qual o Bib Gourmand ou os estrelados europeus… Atenção!
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AMANTES DA BOA GASTRONOMIA, ATENÇÃO: Imprensa, seu papel é cobrar, não adianta premiar os restaurantes sem conhecer o que eles servem. Às vezes, o jornalista nem conhece o restaurante e o coloca numa lista de “melhores isso ou aquilo”… Atenção!
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AMANTES DA BOA GASTRONOMIA, ATENÇÃO: Estrela, ah sim, ainda tem o chef que se acha “A” estrela. Antes de se sentir o rei astro, pense no mais importante: seu cliente – lembre-se, é a comida que tem de ser a estrela, não você… Atenção!
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Estou eu falando pelos cotovelos, mas falando em estrelas, o Brasil tem estrelas, DIGA-SE DE PASSAGEM… e é o que me traz aqui hoje. Imagino que a grande maioria já ouviu falar do Guia Michelin (pronuncia-se MicheLAN). Para quem não conhece, são vários guias, porém o que nos interessa é o Red.
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Publicado anualmente há mais de cem anos, selecionando e premiando com estrelas, alguns restaurantes especiais mundo afora. Só a titulo de informação, a conquista ou perda de uma estrela, pode acarretar destinos cruciais aos restaurantes ou aos seus chefs, tanto para a ventura, quanto para a desventura, diga-se de passagem.
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A classificação Michelin vai de 1 a 3 estrelas, mas no Brasil, nenhum levou a cotação máxima, o que na minha opinião e experiência em alguns 3 estrelas fora do Brasil, realmente, não há mesmo quem mereça. Ou melhor, talvez o único a merecer as 3 estrelas seria o maravilhoso Kinoshita. Apenas o D.O.M. conquistou 2, e se mereceu, o Olympe também merecia.
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Olympe, Roberta Sudbrack, Maní, Oro, Le Pré Catelan e o famoso Fasano ficaram com 1 estrela. Aqui, tenho de repetir o “diga-se de passagem”: imagine o que sentiu o Fasano – dono – sendo colocado na mesma constelação de um Lasai. Sim, porque o Lasaí, Attimo, Epice também foram agraciados com 1 estrela (eta sorte, hein? Ou seria engano dos inspetores? Outra vez, na minha opinião, eles ainda não estão prontos a receberem estrelas).
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Pois bem, todo esse falatório para dizer que o GUIA MICHELIN acaba de aportar em terras tupiniquins, mas… com ele surgiu uma pergunta que não quer calar: por que o primeiro Guia que só inclui Rio e S.P., diga-se de passagem, não contemplou um único restaurante brasileiro com 3 estrelas? Parte da resposta está embutida nos parágrafos acima, por isso elegi o RW para iniciar essa “conversa”, mas poderia ser 99% dos estabelecimentos gastronômicos brasileiros. Acho até que o Guia foi generoso com o Brasil, pois falta muito chão para chegarmos ao nível dos restaurantes estrelados da Europa ou dos USA.
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Chão quer dizer sim, passar muito pano de chão no chão de uma cozinha profissional, quer dizer lavar pratos, despelar quilos de alho, picar toneladas de tomate, ter noção da montagem de um cardápio, saber negociar uma compra, chefiar um estoque, aprender a delegar e conviver com colegas, conhecer e tirar como exemplo os melhores restaurantes do mundo, enfim, é preciso instruir-se muito, antes de abrir um restaurante, mais ainda, antes de ganhar 1 estrela, diga-se de passagem.
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Apesar de ter vazado e virado assunto em todas as rodas, ou mesas, o guia Michelin divulga no próximo dia 9 os restaurantes brasileiros que ganharam suas primeiras estrelas e os que se tornaram Bib Gourmand. Onde houver o Bibendum, significa que o local se enquadra ao perfil “custo vale o benefício” do bonequinho, e aí, até que se prove o contrário, pode entrar!
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Outro ponto curioso são os critérios utilizados para saber o “Who are the best”. Se o Guia 4 Rodas agracia algumas cozinhas brasileiras com 3 estrelas, porque o Michelin não?
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Ok, sou audaciosa e ouso responder, mesmo não tendo certeza – apenas feeling. Simplesmente porque o segundo é mais exigente e imagino que queira entrar no país “dizendo”: Ei, você aí! Está achando que é só colocar qualquer gororoba pros trouxas comerem e nós vamos aplaudir? Nã nã nã nã nã nã! Acho bom saber que pra ficar no Guia, vai ter que mudar. Daqui pra frente, tudo vai ser diferente. Você tem que aprender a “ser gente”. Nem que pra isso, tenha de atravessar o oceano e se espelhar nos bã bã bã, porque comida cara, ruim e serviço de quinta não vale nada, nem 1 estrela, DIGA-SE DE PASSAGEM!
** Duas estrelas
* Uma estrela
Lista dos laureados:
São Paulo
** D.O.M. (Alex Atala)
São Paulo
* Dalva e Dito (Alex Atala)
* Kinoshita (Tsuyoshi Murakami)
* Epice (Alberto Landgraf)
* Attimo (Jefferson Rueda)
* Maní (Helena Rizzo)
* Fasano (Rogério Fasano)
* Jun Sakamoto (Jun Sakamoto)
* Kosushi (George Koshoji)
* Tuju (Ivan Ralston)
* Huto (Fábio Honda – José Adriano de Lima)
Rio de Janeiro
* Oro (Felipe Bronze)
* Roberta Subbrack (Roberta Subbrack)
* Olympe (Thomas e Claude Troisgros)
* Lasai (Rafa Costa e Silva)
* Le Pré Catelan (Roland Villard) – RJ
* Mee (Rafael Hidaka)
Bib Gourmand
Sal Gastronomia – SP
Tartar & Co – SP
Tian – SP
Zena Caffè – SP
Antonietta Empório – SP
Arturito – SP
Brasserie Victória – SP
Casa Santo Antônio – SP
Ecully – SP
Esquina Mocotó – SP
Jiquitaia – SP
L’Entrecôte de Paris – SP
La Cocotte – SP
Mimo – SP
Miya – SP
Mocotó – SP
Marcel – SP
Cais – RJ
Miam Miam – RJ
Lima Restobar – RJ
Oui Oui – RJ
Entretapas – RJ
Pomodorino – RJ
Restô – RJ
Artigiano – RJ
Se quiser receber um email avisando quando publicamos um novo post, por favor deixe seu email aqui. Obrigada, Dilu
Dilu, eu concordo com TUDO que você escreveu, não mudaria nem uma vírgula. Antigamente eu adorava o Restaurant Week e hoje eu nem olho mais de tão decepcionante que está! Eu não conheço estes restaurantes que foram premiados pelo guia Michelin, então não posso dar opinião. Preciso planejar uma viagem gastronômica a São Paulo onde não vou há 10 anos e também para o Rio de Janeiro.
Vou te falar, o único restaurante com custo benefício que estou adorando aqui em BH é o Alma Chef, no almoço que servem de segunda a sexta, 40 reais por pessoa e com comida simples muito bem feita, tudo impecável e delicioso. Assim eu gosto: qualidade, carinho e preço! Toda semana vou lá almoçar! Ah! Num dia teve até strogonof que me lembrou muito do seu post sobre o estrogonofe. A aparência era muito igual à da sua foto, perguntei se tinham colocado caldo de carne e a resposta foi positiva! Delícia! Preciso fazer em casa, meus pais me imploraram pra tentar fazer parecido porque detestam o estrogonofe comum.
Realmente espero que a vinda do Guia Michelin faça com que os restaurantes abram os olhos e melhorem os serviços da comida para poderem ser agraciados com uma estrela e trabalhar para mantê-la pois perder uma estrela seria considerado uma vergonha né?
Maria, uma hora quero te contar o que tem sido as nossas saídas, salvo pouquíssimos restaurantes, você não vai acreditar. Parece que estou mentindo, acho que vou fazer um post do meu último domingo. Passamos por dois restaurantes até cair no….. Domenico é claro!
Pois é! SP é mil vezes melhor que BH na gastronomia, mas quando se fala em estrelas… acho que estamos ainda engatinhando. Acabo de chegar de uma viagem onde tive a oportunidade de conhecer muitos estrelados e claro, tenho de comparar, pois virou a minha referência. É de não acreditar o atendimento, o serviço, a comida, enfim… anos a nossa frente. Da última vez que fomos ao D.O.M., que é nosso melhor, eu disse que nunca mais voltava, mas já ando querendo ver a quantas anda também. Se você quiser, podemos combinar uma ida a SP juntos.
A coisa é mesmo engraçada: já eu no Alma Chef não tive a mesma sorte. Ficamos esperando quase 2 horas pelo meu prato, Luiz já tinha almoçado… (e o chef lá, andando pra lá e pra cá com uma criança – nem se dignou a ir a nossa mesa, se não se desculpar, se explicar. Olha o post http://dilucious.com.br/?p=12652). Mas a comidinha estava gostosa, ele acertou em fazer pratos simples. O Troisgois tem um restaurante com a mesma ideia no Rio, é uma delícia, não me lembro se o CT Boucherie ou o CT Brasserie. Precisamos comprar uma passagem BH/RIo/SP/BH kkkkkkkkkkkk
Bjs querida, adoro seus comentários!
Quanto ao Alma Chef, pode ir sem medo na segunda e sexta pra almoçar porque a comida é self service, na verdade os chefs montam os seus pratos no balcão! Assim, rapidão, sem esperas e sempre estão trocando as panelas para encherem com comida nova! Eles sempre divulgam o cardápio no instagram que muda toda semana. Já aconteceu da comida demorar num almoço de fim de semana (é outro tipo de serviço, la carte e mais caro) e eu reclamei diretalmente com o chef. Reclamo mesmo!!! Valeu a pena reclamar porque ele foi conversar com os garçons.
Já tentei ir várias vezes no CT acho que Boucheria, aquela casa de carnes, mas nunca consegui ir porque tinha fila longa na porta e não fazem reservas, uma pena!
Estou doida pra viajar BH/Rio/SP/BH! hahahaha
Oba, vamos programar – hummmm ia ser tudo de bom!
Esse final de semana estamos indo para SP, mas para conhecer o interior: Campos do Jordão tem um hotel espetacular chamado Botanique. Que tal?
Bela reflexão Dilu! Você é demais!
Leandro, meu amigo querido e um de meus chefs prediletos, você bem que poderia fazer parte dessas reflexões aqui no blog… Os leitores e eu iríamos adorar! Pensa nisso!
Dilu, o que mais admiro na sua competência, é a diversidade, Obrigada garota!
Ah Juliana querida, que fofa! Obrigada de coração!
Ei concordo em gênero número e grau!
Acho minha querida Simone, que a maioria das pessoas deve concordar, a coisa está um horror. Em BH então, onde temos nossas experiências diárias… Afff! Socorro!
Diluzinha, aiaiai se todos os colunistas escrevessem o que pensam. Super bacana, parabéns!
Obrigada pelo apoio minha querida Patricia, você sempre do meu lado, aliás, nem tenho como agradecer!
Boa esta pergunta que não quer calar …eu queria era ver outras respostas…
Ah Zulma… te digo que eu também, deveria ter uma discussão entre os bã bã bã tupiniquins – seria muito bom!!!!!!
Nã nã nã nã adorei! É isto mesmo, alguém tem de gritar! Ficamos nós trouxas pagando pelo que não vale e todo mundo calado. Grite por nós Dilu, eu te aprovo.
Rsrsss Bunitinha querida!