O alvoroço dos grandes e maiores comilões do planeta terminou! Aconteceu ontem em Londres a premiação tachada como o “Oscar” da gastronomia mundial, realizada pela revista britânica Restaurant e agora, todos já sabem quem subiu, quem desceu, quem manteve. Como instrumentei uma pequena torcida no post anterior veja aqui, atraindo os leitores do blog a depositarem uma “fezinha” no restaurante Maní, achei por bem separar o post que fala sobre a chef (se quiser ver clique aqui), com o post que fala sobre o restaurante e revelar que nossa torcida não foi em vão. O MANÍ subiu dez posições na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo em 2014, pulando da 46ª para a 36ª posição. YESSSSS!!!!!! Nós temos Helena Rizzo! Oops… Nós temos MANÍ!
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Em São Paulo, o trigésimo sexto melhor restaurante DO MUNDO:
MANÍ!
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O restaurante Noma, em Copenhague, foi o astro maior, sua estrela brilhou, garantindo-lhe o posto de melhor estabelecimento gastronômico do mundo. O segundo lugar ficou para o espanhol “El Celler de Can Roca”. O D.O.M. perdeu uma posição, e passou para a 7ª melhor mesa (ainda é o restaurante mais bem classificado da América Latina. Atala não participou da cerimônia alegando cansaço).
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Ah… o MANÍ! Essa semana os gourmets de plantão estão para Helena Rizzo, assim como estão para seu restaurante , então… vamos falar de Maní.
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Primeiro, vamos falar do nome MANÍ. Quem é brasileiro deve saber: a mandioca é um ingrediente genuinamente brasileiro e em homenagem à deusa indígena da mandioca, o MANÍ recebeu esse nome. Simples assim – e lindo!
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O restaurante “desfila” entre o contemporâneo e o clássico numa delicada abordagem que, aos mais atentos, notam-se mãos femininas de uma ex-modelo nos seus preparos.
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A cozinha é chefiada por Helena Rizzo e seu marido, o espanhol Daniel Redondo. Ah… o MANÍ e ah… o amor! Só dá coisa boa!
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Bem… Influências brasileiras, espanholas e italianas são utilizadas pelo casal que trabalhou no El Celler de Can Roca, hoje segundo melhor do mundo veja aqui. E mesmo ganhando prêmios, sendo eleita a melhor chef mulher do mundo, Helena Rizzo ainda diz que ”No Maní, tentamos fazer nosso melhor todos os dias, às vezes erramos, mas às vezes acertamos…“ Essas palavras me fizeram pensar: “como assim? A chef é a melhor do mundo, as indicações são ótimas. Reservas? Difícil se sentar numa de suas cadeiras! Se melhorar ainda mais, como esperaremos ansiosos por uma mesa?” Nós demos sorte! Chegamos antes da abertura do restaurante num domingo chuvoso. Acho que esse foi o sinal verde para que arriscássemos, sem reserva e com sucesso!
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Porque quando saímos, ao passar pela imensa fila de espera, tornei a me perguntar: se melhorar ainda mais, onde serão colocadas ainda mais pessoas que lotam o espaço, esperando por uma mesa?
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O espaço de espera é super bacana. Num corredor comprido, ao lado direito, foram intercalados vidros, onde se vê o interior da cozinha, com uma galeria de fotos, entre elas, as da fazenda onde são plantados parte dos ingredientes usados no restaurante.
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O lado esquerdo recebeu uma fina fileira de sofás abaixo de fotos, cartões e revistas.
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O ambiente do restaurante é super simples e despojado. Esse é um diferencial do MANÍ. Não sei se bom, ou estranho. Para falar a verdade, acho que na comida não, mas o ambiente e o conforto influenciam um pouco no resultado da experiência.
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Posso dizer que a varanda lembra uma casa arrumadinha de caseiro, jamais um restaurante de culinária estrelada.
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Bem, agora vamos passar ao que realmente interessa: comida. Acho interessante pedir o menu degustação, com o qual é possível conhecer melhor a cozinha da chef. É a forma mais indicada para os que querem experimentar porções menores de pratos do cardápio tradicional.
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Iniciamos (sempre) com pão, manteiga e um biscoitão de polvilho que já tentei, sem sucesso, copiar aqui em casa por pelo menos umas dez vezes, sem exagero. E o Ministério dos Gourmets adverte: “Esta lâmina de polvilho é extremamente perigosa, devido ao seu alto teor viciante.” Rsrssss…. Couvert simples, irretocável e na minha opinião, o que há de mais saboroso no MANÍ. Deve ser por isso que ele continua firme e forte no cardápio.
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Luiz, meu marido, é vegetariano. Todo mundo já ouviu isso, eu sei, mas… vai que! Você pode achar que eu pediria esta coisinha. Jamais! Só para ele, né? Gostosinho e uma verdadeira bobagem! Nem entendo o motivo de ter no cardápio. Hehehehe… Deve ser por causa dos vegetarianos…
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Estive três vezes no MANÍ. Confesso que a primeira mudou meu olhar para a gastronomia. Foie gras recheado de goiabada com capa de Vinho de Porto. Naquela época, aquilo foi um “divisor de águas” para a minha cozinha. O tradicional foie gras francês misturado com o tradicional doce mineiro… E a capa? Essa sim, eu já consegui fazer, com sucesso! Claro, é ingrediente da gastronomia molecular: Kappa. Fácil de fazer, difícil de conseguir!
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Nesta época iniciava-se a onda de comida molecular, e provar a feijoada desconstruída foi um tapa, ou um chega-pra-lá nos meus precários conhecimentos. Nem sei se deliciosa, mas imbatível, “inventivamente” falando! Caldo de feijoada é encapsulado, “molecularmente” falando! Os outros elementos que normalmente são os acompanhamentos, como a laranja, vem em forma de espuma, “deliciosamente” falando! Ah! A farofa é normal, “crocantemente” falando! Até me inspirei nessa feijoada para a reportagem que a Rede Globo veio fazer comigo sobre a tal onda molecular. Claro, depois de comer essas coisas e me inspirar, Helena Rizzo se tornou ainda mais a minha musa.
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A versão MANÍ da simples salada Waldorf é sensacional! Espetacular! Fantástica! A “versão simples” é a salada que mais fazemos aqui em casa, meu marido ama. Agora presta bastante atenção no que tenho o imenso prazer de apresentar, a versão Rizzo de ser: Brotinhos e florzinhas enfeitam um magnífico prato onde uma linda Gelatina de Maçã recebe Nozes carameladas e lá, no meio a tudo isso, um instigante Sorbet de Aipo combina à perfeição com a Emulsão de Gorgonzola. União perfeita de sabores, texturas, cores e belezura!
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Como disse antes, o MANÍ é muito bom para vegetarianos. Luiz nada de braçada. Naquela época, a imprensa elegeu o talharim de pupunha para entrar na lista dos melhores pratos do Maní, mas até hoje, não saiu, o prato continua lá! Isso, na minha opinião, é ruim. Espetacular seria se, de tempos em tempos, outros pratos espetaculares tomassem o posto de pratos espetaculares!
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O Nhoque de Mandioquinha com Tucupi foi um tanto decepcionante. Já disse o quanto amo tucupi, que é o caldo extraído da raiz da mandioca brava. É, sem dúvida, das coisas mais saborosas que já provei, porém, tem que ter gosto acentuado. Não fica bacana quando outro caldo é adicionado. O Jambu, uma das ervas, provoca um pouco de entorpecimento na língua, é uma sensação bem passageira e gostosa! Este prato recebeu o chic nome de Nhoques de Mandioquinha e Kuso com “dashi” de Tucupi. Não sei o que é dashi, e muito menos, Kuso…
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A chef adora mesmo os ingredientes tipicamente brasileiros, esta sopa é prova disso. Jabuticaba, cachaça, “samburana”. Nunca tinha ouvido falar. Procurei no são Google.
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Todo mundo sabe da minha paixão por ovo, e muito antes de comer o do MANÍ, eu já fazia o ovo molet, o perfeito, o escambau! Quem me aplicou foi outra super chef, Roberta Sudbrack, que me levou a mandar meus convidados “enfiarem” uma gema inteira na boca, para sentir sua explosão… Rsrsrssss… Voltando ao MANÍ, aqui a surpresa ficou por conta do mini arroz. Já falei sobre ele em outro post, se der curiosidade e quiser ver, clique aqui.
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Bem, a pupunha não acrescenta absolutamente nada. Aliás, vamos combinar: é um ingrediente que virou moda há muito tempo, porém, qualquer preparo feito a partir dele, se torna uma bobagem. O risoto estava saborosinho, mas…
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A sobremesa foi uma variante do Romeu e Julieta. Nada a declarar! (ou, nada é melhor que nosso queijo com goiabada).
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Então gente, no evento de ontem em Londres, foram laureados os 50 melhores lugares para se comer em torno do mundo. Nós, da área da gastronomia, ficamos todos muito felizes em saber a classificação do brasileiro MANÍ. Nossa torcida valeu! .
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HELENA RIZZO Maní Musa!
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Confira a lista dos 50 melhores restaurantes de 2014 e aguarde posts sobre alguns que já tive o privilégio de conhecer, como por exemplo: Le Bernadin, Vila Joya, L’Atelier, Astrid&Gaston, L’Arpège, Daniel e Martin Berasategui. Se quiser ver o post do quarto melhor, Eleven Madison Park, clique aqui e o do D.O.M. clique aqui.
Posição | Restaurante | País |
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1 | Noma | Dinamarca |
2 | El Celler de Can Roca | Espanha |
3 | Osteria Francescana | Itália |
4 | Eleven Madison Park | Estados Unidos |
5 | Dinner by Heston Blumenthal | Inglaterra |
6 | Mugaritz | Espanha |
7 | D.O.M. | Brasil |
8 | Arzak | Espanha |
9 | Alinea | Estados Unidos |
10 | Ledbury | Inglaterra |
11 | Mirazur | França |
12 | Vendôme | Alemanha |
13 | Nahm | Tailândia |
14 | Narisawa | Japão |
15 | Central | Peru |
16 | Steirereck | Áustria |
17 | Gaggan | Tailândia |
18 | Astrid y Gastón | Peru |
19 | Faviken | Suécia |
20 | Pujol | México |
21 | Le Bernardin | Estados Unidos |
22 | Vila Joya | Portugal |
23 | Frantzén Lindeberg | Suécia |
24 | Ambre | Hong Kong |
25 | L’Arpège | França |
26 | Azurmeni | Espanha |
27 | Le Chateaubriand | França |
28 | Aqua | Alemanha |
29 | De Librije | Holanda |
30 | Per Se | Estados Unidos |
31 | L’Atelier Saint-Germain de Joël Robuchon | França |
32 | Attica | Austrália |
33 | Nihonryori RyuGin | Japão |
34 | Asador Etxebarri | Espanha |
35 | Martin Berasategui | Espanha |
36 | Maní | Brasil |
37 | Restaurant Andre | Singapura |
38 | L’Astrance | França |
39 | Piazza Duomo | Itália |
40 | Daniel | Estados Unidos |
41 | Quique Dacosta | Espanha |
42 | Geranimum | Dinamarca |
43 | Schloss Schauenstein | Suíça |
44 | The French Laundry | Estados Unidos |
45 | Hof Van Cleve | Bélgica |
46 | La Calandre in Rubano | Itália |
47 | The Fat Duck | Reino Unido |
48 | The Test Kitchen | África do Sul |
49 | Coi Restaurant | Estados Unidos |
50 | Waku Gin | Singapura |
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Oiiiê, se quiser receber um email avisando quando publico um novo post, por favor deixe seu email aqui. Obrigada, Dilu
Muito legal eles terem passado para a trigesima sexta colocação. Legal tb o post, Dilu
É verdade Eliane, tudo de bom, tomara que em 2015 ela consiga se destacar ainda mais.
Obrigada querida!
Muito legal a gente ter dois restaurantes entre os 50 melhores. Parabens aos dois: Atala e Rizzo.
Estamos batendo palmas de pé para eles, ne Luiza? bjs querida
Eleven Madison sempre entre os melhores dos melhores.
Parabens ao D.O.M e ao Maní por representarem muito bem o Brasil. Com tantas decepcões acontecendo no País, temos a gastronomia para nos orgulharmos. Bjs
Felix meu querido, infelizmente sou obrigada a concordar com você. Muito triste!
Mas fiquei impressionada com o Eleven. É muito bom, quarto lugar…. Vc já viu o post que fiz de lá?
Bjss (adoro vc aqui, seus comentários são preciosos)
Concordo com o Félix, um alento para o Brasil o brilho dos chefs Alex Atala e Helena Rizzo! Parabéns! E mais uma vez o Dilucious está na frente para nos manter bem informados! Parabéns!
Polinha, não vou me cansar de dizer: bem informados ficaremos depois que vocês voltarem de Portugal! rsrsrssssss
Felix, bem lembrado isso que vc disse. Já que só temos alegrias com o brasileiro trabalhador. Parabéns a eles. Beijos pra vc Dilu, Felix e Ana Paula
Ah que fofa Carlinha, obrigada querida. Adorei você elogiando o Felix e mandando beijos para nós todos, super linda!
Obrigado! Bjs a todos.
Dilu, sempre será um prazer imenso contribuir pro Dilucious.
Felix, então saiba que estamos sempre prontos para receber, suas contribuições serão sempre bem vindas! Bjs
Sou louca para conhecer este restaurante. Sempre falo que quando eu for a São Paulo, irei direto ao Mani!
Maria, quando você quiser, chama a gente que vamos com vocês. Bjss querida (fico muito triste quando você some)
Eu tb super quero conhecer, nem que seja pra ver de perto essa feijoada, que isso!
Ah Ana Lucia, você tem razão. É diferente, interessante, especial e quem gosta do assunto, tem de conhecer. Mas principalmente a Waldorf. Bjs querida
Gente, acho que pode desistir. Reserva nesse restaurante daqui pra frente, depois dessa premiação hummmm dificil dos urtimo!
Rsrsrsss Talvez você esteja certa Carol, mas quem quer, tem de tentar. Se não conseguir, lá perto tem vários restaurantes, bons também. Acho que vale o risco. Bjs querida
Ah Ah Ah! Ficou ótima a divisão dos posts, realmente são dois assuntos. Beijokas
Ainda bem que você gostou Cristiana, afinal acabei te dando um pouco de trabalho, me desculpe.
Bjs amore
Nesse ponto o Brasil tá chiquérrimo! Estou lendo esse lindo post e ao mesmo tempo vendo a tragédia que acontece no Brasil: onibus incendiado; mãe que leva a criança ao hospital e não tem leito; gente morrendo no morro; trafico; marginais atingindo as pessoas de propósito para atrapalhar o trabalho da policia; D Dilma sendo vaiada; a criança Bernardo assassinado com a ajuda do pai; seca; coronel assassinado depois de assumir no depoimento (queima de arquivo); etc etc etc
Ah Myrian… É muito triste tudo isso que está acontecendo no Brasil. Também sofro com cada uma dessas notícias. Só nos resta fazer, cada um a sua parte, e ter um pouco de leveza e de prazer neste outro lado da vida, que é o que o blog Dilucious nos propõe. Te convido a participar mais dele e enquanto estiver aqui com a gente, que sejamos felizes. Bjs minha querida
Quantas delicias! Meu Deus!
É mesmo Luiza, cada delícia de babar, mas mais delícia mesmo é termos uma brasileira como a melhor mulher chef do mundo. Bjs
Yessss, nós temos o Dilucious pra nos trazer coisas boas, leves, agradáveis que tirar a gente desse sufoco que é o Brasil da D Dilma!
Adorei o YESSS! Obrigada Carmem! Bjss
Vou almoçar no Maní amanhã!!Adoro esse restaurante! Nem sabia que era tão importante!!AMO